Com a Páscoa findou a Campanha da Fraternidade que, em 2018, propôs um caminho de mudança, reflexão e conversão diante da violência. Partindo da frase de Jesus "Vós sois todos irmãos", a Igreja nos desafiou a superar a violência que vivemos, cometemos, ou presenciamos, e nos provocou a buscar a cultura de paz.
Ainda que a realidade seja triste, muitos se dedicam a cuidar das vítimas, mas, depois de recuperadas, muitas voltam ao ambiente da prática de violência, exceto nos casos extremos em que são encaminhadas para as entidades e ou autoridades competentes.
Será que somos conscientes do que podemos fazer para evitar que as pessoas continuem sendo mutiladas? Esta campanha foi uma oportunidade para refletirmos a realidade e pensarmos ações de prevenção para superar a violência em nossa família, cidade e sociedade.
A quaresma é um período ideal para rever nossas ações e como elas refletem no outro. A quaresma por si só é o tempo litúrgico do chamado para voltar à essência da nossa vida, que é a comunhão plena com Deus. Às vezes, nós, na nossa fraqueza e fragilidade, nos afastamos Dele, mas todo ano a Quaresma nos chama de volta, e a igreja do Brasil, nesse tempo, nos coloca uma problemática social para discutir.
Então chega a Páscoa, do hebraico Pessach (passagem), uma festa judaica que comemora o fim da escravidão no Egito. Precisamos entender o sentido da Páscoa judaica para entender o sentido da Páscoa cristã. Na judaica, o povo celebra a libertação da escravidão, rumo à terra prometida. Jesus também celebrou esse momento, e com sua morte na cruz inaugura a Páscoa definitiva, não a que só recorda a liberdade da escravidão, mas também a libertação da morte, onde a vida triunfa.
Para o cristão, Páscoa simboliza a ressurreição de Cristo, três dias após sua morte na cruz. É um tempo para agradecê-lo pelo sacrifício, pensar em nossos atos, renovar o compromisso com Deus de sermos melhores e dignos do ato nobre de Jesus para nos libertar e dar vida.
Sabendo que a morte foi vencida, Cristo a derrotou, a Páscoa nada tem de comercial. Não é só a festa mais doce do ano, ela é espiritual, religiosa, mas infere na realidade humana, na certeza de que estamos aqui por termos uma missão, e nosso fim não é neste mundo, mas no reino de Deus.
Muitas igrejas encenaram a Paixão de Cristo. Este ato provocou reflexão sobre o sentido da Páscoa hoje, sobre o que captamos deste fato, e deixou a dúvida: será que em nosso cotidiano, com pensamento, palavra, ato e omissão não estamos dando mais martelada na cruz, colocando mais espinho na coroa e prego na carne do Salvador?
Caro leitor, isso faz-nos pensar sobre a cruz que carregamos, sobre o que temos a ressuscitar na nossa vida e, se diante dos desafios hodiernos ainda é possível ser fiel aos valores cristãos. Feliz Páscoa!